16 Março 2023
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 15-03-2023.
“Pais e mães católicos de filhos e filhas homossexuais, conclamamos os bispos da França para que a doutrina da Igreja leve em consideração a dignidade de nossos filhos e filhas. Testemunhamos a aceitação da homossexualidade nas igrejas nacionais que são nossas famílias e desejamos um diálogo autêntico com nossos pastores na Igreja. É extremamente importante para nós reduzir o sofrimento causado pela ignorância e incompreensão. Queremos enriquecer a Igreja reconhecendo nela um lugar pleno e completo para os homossexuais”.
Este foi o pedido, hospedado em seu site, que pais de homossexuais enviaram aos bispos franceses antes de sua visita ad limina em setembro de 2021 para que, por sua vez, pudessem enviá-lo ao Papa Francisco.
⛪️?️ APPEL AUX ÉVÊQUES DE FRANCE
— Reconnaissance Appel (@Reconnais_Appel) March 26, 2021
de 530 #chrétiens, redigé fin 2020 et envoyé à tous les #évêques de l'@Eglisecatho de France en Mars 2021:
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Um ano e meio depois, "vários" bispos franceses estão "reescrevendo 'discretamente' a doutrina da Igreja Católica sobre a homossexualidade", segundo informações do jornal La Croix coletadas pelo National Catholic Register (NCR).
Segundo esses relatos, alguns bispos franceses consultaram o prefeito da Doutrina da Fé, o cardeal espanhol Luis F. Ladaria “e depois o próprio Papa Francisco, a respeito de parágrafos do Catecismo da Igreja que os grupos que defendem os homossexuais na Igreja consideraram ofensivos”.
Especificamente, a associação de pais Reconnaissance apelou aos bispos franceses para questioná-los sobre a "consideração da dignidade de seus filhos" pela doutrina da Igreja Católica, mostrando em particular sua oposição ao parágrafo do Catecismo que descreve os homossexuais como “intrinsecamente desordenados” (2357).
Segundo a associação Reconnaissance, o Catecismo, "publicado há quase 30 anos", aborda esta questão "em algumas linhas lacônicas e confusas, que são de grande violência para as pessoas que as leem para si ou para os seus entes queridos", razão para o qual "parece necessário e urgente um pedido de reformulação do parágrafo que trata desta matéria, dirigido às autoridades competentes, sobretudo tendo em vista as inúmeras e inéditas contribuições das ciências humanas [nas últimas três décadas]", como recolhe o fonte de informação acima mencionada.
"Em nível doutrinário", continua a carta, "precisamos de uma linguagem adequada à realidade que nós e nossos filhos estamos vivendo... que abra caminhos de vida em vez de fechá-los, levando os jovens ao desespero e os pais a rejeitar o que seus filhos".
Arcebispo de Sens-Auxerre, dom Hervé Giraud | Foto: Religión Digital
O arcebispo de Sens-Auxerre, dom Hervé Giraud, confirmou estes fatos ao referido jornal católico após a reunião com a Reconnaissance no final de fevereiro passado. Segundo informações citadas pelo NCR, “isso explicaria o pedido posterior feito ao Papa em 2021, que, segundo La Croix, convidou os bispos a propor uma nova formulação dos parágrafos do CIC que tratam da homossexualidade (2357-2359). No entanto, segundo fontes vaticanas citadas no artigo, sua proposta tem poucas chances de sucesso, porque esta questão diz respeito à moral sexual da Igreja como um todo.
Enquanto isso, de acordo com o NCR, a Conferência Episcopal da França, por meio de seu Conselho de Família e Sociedade, pediu aos teólogos que atualizem as seções de seu site que tratam dessas questões para que sejam consistentes com as "questões de hoje", trabalho para o qual eles estão sendo "auxiliados em sua escrita por gays e grupos de defesa, incluindo o Reconnaissance".
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Francisco pediu uma “nova formulação” da homossexualidade no Catecismo? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU